Pais-helicóptero: o amor que não deixa pousar

Na tentativa de proteger os filhos do mundo, muitos pais passaram a sobrevoar cada passo, cada escolha, cada atrito da vida escolar e emocional das crianças. São os chamados pais-helicóptero – um termo criado nos anos 1960 por Haim Ginott e popularizado nos tempos de hoje para descrever mães e pais que pairam constantemente sobre os filhos, prontos para intervir a qualquer sinal de desconforto, frustração ou conflito.
Nas escolas brasileiras, esse fenômeno vem se intensificando: são pais que fiscalizam tudo, exigem respostas imediatas dos professores, questionam cada avaliação, invadem reuniões pedagógicas com demandas pessoais, e reagem a qualquer dificuldade dos filhos como se fossem falhas institucionais. O resultado é que o professor se vê acuado, sem autoridade, sem liberdade pedagógica, e, muitas vezes, sem respaldo da própria gestão escolar.
Essa superproteção, ainda que nasça do amor, torna-se uma armadilha. Ela impede a criança de lidar com a frustração, de se responsabilizar por suas escolhas, de desenvolver autonomia. Ao evitarem qualquer sofrimento, esses pais roubam dos filhos o direito de crescer.
Substituem a formação por blindagem, o amadurecimento por dependência, o processo educativo por vigilância constante.
Estamos formando uma geração vigiada, mimada e emocionalmente despreparada – uma geração que, ao menor contratempo, colapsa. E não porque seja fraca, mas porque nunca foi autorizada a ser forte. As emoções foram evitadas, as quedas acolchoadas, os desafios transferidos para a escola ou para os outros.
A escola precisa de parceria, não de patrulha. Precisa de pais que confiem, que eduquem em casa, que saibam que o “não” também educa e que a dor pode ensinar tanto quanto o sucesso. A função do pai não é remover pedras do caminho, mas ensinar o filho a enfrentá-las.
Autor Desconhecido